O Rei Leão aposta no realismo mas peca por inexpressividade
- Culturando
- 19 de jul. de 2019
- 2 min de leitura

Jon Favreau, diretor de Mogli e, mais recentemente, do novo live action O Rei Leão, parece ter terminado seu novo projeto com receio do anterior. Enquanto as proporções de Mogli foram amplamente criticadas, o novo filme da Disney se preocupa em trazer o fotorrealismo para as telas do cinema. O que, apesar de não ser algo fácil, é feito com maestria; as cenas de paisagem e os animais parecem feitas em cima de movimentações reais.
No que diz respeito ao enredo, fazer uma análise seria desnecessário, bastaria copiar uma crítica feita à animação em 1994. Com mudanças simples e bem colocadas, a história se repete e, consequentemente, ajuda os diretores, produtores e roteiristas a obterem o sucesso desejado. Nenhuma das mudanças altera o funcionamento da história, e vêm para dar mais força a personagens chave.
Entretanto, o filme de Favreau enfrenta o maior desafio da produtora nessa nova era de live actions: não há humanos no filme, o que gera, consequentemente, uma perda de expressividade muito grande nas mais de duas horas de longa. Para evitar que isso se tornasse um grande problema – tão grande quanto os erros gráficos de Mogli –, o diretor optou por diminuir as cenas de close up. Mas uma ponta amarrada solta a outra extremidade, já que isso diminui a emoção em determinadas cenas do filme.
A emoção do filme fica totalmente alocada nas dublagens, que se provou um trabalho exemplar – embora não totalmente. Apesar de sua genialidade enquanto ator e músico, Donald Glover (Childish Gambino) não conseguiu casar sua personalidade com a de Simba, e parece fora de tom em cenas importantes, como durante o embate seu personagem com Nala, dublada por Beyoncé.
Ela, que foi alvo de diversas críticas pré-filme daquele que alegavam que ela, como cantora e não atriz, não conseguiria dar ao personagem a força que ela necessitava. Ao contrário. Talvez o maior pecado seja o excesso de força em momentos mais sóbrios por causa do poder da voz de Beyoncé. Nala é beneficiada pelas mudanças, e seu embate com Sheenzi, a líder das hienas, chega a ser emblemático – embora peque em expressividade.
O filme é visivelmente carregado pelos momentos cômicos, em sua maioria protagonizados por Timão e Pumba. Billy Eichner e Seth Rogen transformaram os personagens, já queridos do público, em algo hilariantemente gostoso de assistir. Os aspectos cartunescos do sobe e desce do Timão e os aspectos físicos de Pumba, que dão a sensação de que ele está sempre sorrindo com sua grande boca e seus dentes, trazem um ar familiar ao público, que não está acostumado ainda com os aspectos realísticos do filme. Além disso, a coreografia de The Lion Sleeps Tonight e um easter egg divertido de outro filme da Disney, ambas as cenas protagonizadas pelos dois personagens, surpreendem, encantam e divertem todos.
O realismo do filme casou com o divertimento e a movimentação das cenas. É basicamente como colocar o som do filme original de fundo enquanto assiste um documentário sobre a vida animal. Mas isso não tira a sintonia com a qual as coisas acontecem. O filme é uma grande surpresa e um grande avanço no que diz respeito aos efeitos visuais. Vale o ingresso, embora o público não possa esperar por novidades gritantes.
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