5 Filmes que provam a qualidade do cinema nacional
- Culturando
- 21 de mar. de 2018
- 4 min de leitura

O cinema brasileiro é muito julgado pelo seu público devido a um passado conturbado. Ok, isso é compreensível. As comédias pastelão, os filmes já manjados, comédias românticas que não tinham nada de comédia, e geralmente giravam em torno do sexo, diga-se de passagem, não agradaram o público por muitas décadas. Entretanto, a carapuça já não se encaixa mais no perfil nacional da sétima arte. Na realidade, mesmo enquanto era julgado por suas características duvidosas, muitos diretores brasileiros já produziam longas com uma qualidade absurda, que conquistaram fãs aqui dentro da terrinha e em terras estrangeiras.
Além disso, é preciso ter em mente que o corpo de atores nacional é vasto é de um talento extremo. Atores como Selton Melo, Wagner Moura, Débora Falabella, Regina Cazé, e até mesmo o queridinho latino de Hollywood, Rodrigo Santoro, abrilhantaram as telonas com histórias originais produzidas aqui mesmo, e nem sempre receberam o devido valor. Apesar de não ter todo o apoio de seu público territorial, filmes brasileiros já foram prestigiados por grandes festivais estrangeiros. Agora, com a expansão do mercado de filmes, as produções nacionais merecem o nosso reconhecimento. Por isso, aqui vão cinco filmes que qualquer um deve assistir para comprovar o que o Brasil tem de bom no universo cinematográfico.
5 – O Auto da Compadecida (2000)
Dirigido por Guel Arraes, com roteiro de Adriana e João Falcão, o longa é baseado na peça “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, e tem elementos de duas outras peças do autor, “O Santo e a Porca”, e “Torturas de Um Coração”. Estralando Matheus Nachtergaele e Selton Melo nos papéis de João Grilo e Chicó, o filme se passa no nordeste brasileiro, e conta as aventuras dos dois homens, desempregados, e que ganham a vida através de pequenos bicos e golpes que aplicam na região. Os dois se envolvem com o maior cangaceiro da região, Severino de Aracaju, interpretado por Marco Nanini, que persegue João Grilo e Chicó pela região. Além de ser um longa-metragem brilhante, o filme ainda faz referência a aspectos culturais e religiosos do nordeste brasileiro.

4 – Deus É Brasileiro (2003)
Muito antes de “O Todo Poderoso”, sucesso das bilheterias com Jim Carrey e Morgan Freeman, Deus já quis tirar férias, e escolheu o Brasil como lugar perfeito para procurar seu substituto. No longa, dirigido por Cacá Diegues e baseado no conto “O Santo Que Não Acreditava Em Deus”, de João Ubaldo Ribeiro, Deus, interpretado por Antônio Fagundes, está cansado dos erros cometidos pelos homens e decide tirar umas férias, então procura alguém para ficar em seu lugar no Brasil, já que o lugar que nunca teve um santo reconhecido. Para encontrar o melhor candidato, Deus tem a ajuda de Taoca, interpretado por Wagner Moura, e Madá (Paloma Duarte) para percorrer do litoral de Alagoas ao interior de Tocantins, procurando pelo candidato ideal.

3 – Lisbela e o Prisioneiro (2003)
Guel Arraes, depois de ter feito “O Auto da Compadecida”, dirigiu uma das mais bonitas comédias românticas feitas nacionalmente. O filme é baseado na peça de mesmo nome de Osman Lins, e conta a história de amor entre Leléu, interpretado por Selton Melo, um trambiqueiro que vive de pequenos golpes, como a venda do “elixir do desejo”, e Lisbela, que recebeu os dotes de Débora Falabella, uma moça de família que já está de casamento marcado com Douglas, que Bruno Garcia dá a vida com graça, um pernambucano com sotaque carioca. Durante a história, o casal sofre com a pressão da família, da sociedade, e com as constantes investidas de Inaura, interpretada por Virginia Cavendish, um antigo caso de Leléu, que é casada com o maior matador de aluguel do sertão brasileiro, Frederico Evandro, feito por Marco Nanini. A história de amor encanta, espanta e apaixona, e dá de 10 a 0 em muita comédia transmitida em escala mundial.

2 – Que Horas Ela Volta? (2015)
Recente, o filme foi escrito e dirigido por Anna Muylaert, e trata dos conflitos de uma empregada doméstica com seus patrões, de classe média, e critica muitos valores da sociedade moderna. Regina Casé deu um tempo na apresentação dos programas de televisão para dar vida a Val, uma mulher pernambucana que vai para São Paulo em busca de uma vida melhor, mas deixa para trás sua filha Jéssica, interpretada por Camila Márdila, para ser criado pelo avô. Em São Paulo, a mulher encontra emprego como babá na casa de uma família de classe média alta, para cuidar de Fabinho, feito por Michel Joelsas, e, logo em seguida, como empregada doméstica da mesma casa. Anos depois, Jéssica decide prestar vestibular em São Paulo, em busca de uma nova chance com a mãe, mas a convivência é complicada, já que Jéssica não aceita a imposição de classes existente na casa dos patrões. Além da história, o filme recebeu prêmios como do Festival de Sundance, nos Estados Unidos, e foi indicado como melhor filme estrangeiro no Critic’s Choive Awards.

1 – Bingo: O Rei das Manhãs (2017)
Retratando a história do famoso palhaço Bozo, o filme, que muda os nomes dos personagens principais por questões legais, é um retrato do mundo televisivo nos anos 90 em sua maior dramaticidade. Vladmir Brichtá dá vida a Augusto Mendes, um ator que trabalha fazendo filmes pornochanchada, e tem que aprender a lidar com o divórcio recente e a distância do filho. Augusto tem uma relação próxima com a mãe, e tenta ser um ator tão grande quanto a mãe, um dia, foi. Até que ele recebe a chance de fazer o teste para o palhaço Bingo, uma franquia de programa infantil que vem dos Estados Unidos para o Brasil, e consegue o papel. O personagem principal se vê preso a uma comunidade de luxúria, fama, drogas, sexo e concorrência extrema, e acaba se perdendo numa fama que não é dele, e seu do palhaço do qual se fantasia. O filme foi levado ao Oscar como indicado da América Latina, e, embora não tenha ido, seu reconhecimento foi instantâneo.

Esses filmes – e tantos outros – merecem o reconhecimento nacional. Por isso vale a mensagem: nossos filmes merecem tanto reconhecimento quanto os que vem de fora. Incentivem os artistas e produções nacionais. O mercado cinematográfico brasileiro está melhorando muito, e é preciso acompanhar essa evolução de perto, e orgulhar-se dela, principalmente. O cinema nacional vive!
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