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Indicação: Grey’s Anatomy 10x14 – racismo e violência policial

  • Foto do escritor: Culturando
    Culturando
  • 3 de jun. de 2020
  • 3 min de leitura

Episódio traz caso claro de violência policial e racismo de forma sensível e responsável (Divulgação/ABC)

Grey’s Anatomy, série criada por Shonda Rymes e produzida nos Estados Unidos pela emissora ABC, busca trazer à tona diversos assuntos delicados. Desde suas primeiras temporadas, a série aborda temas como racismo, intolerância, estupro, abuso psicológico, diversos relacionamentos abusivos, violência doméstica e, em uma oportunidade, o neonazismo. Em todas as situações, roteiristas e diretores tomaram o cuidado de tratar destas situações com a maior sensibilidade possível, e levaram ao público cenas de emoção e empatia.


Levando em consideração essa tradição da série, em sua 14ª temporada, mais precisamente no episódio 10, Grey’s Anatomy mostrou uma das mais diversas violentas realidades impostas aos negros nos Estados Unidos: a brutalidade policial. Na narrativa em questão, um menino negro de 14, morador de um bairro de classe média alta de Seattle, é alvejado por policiais que o viram pulando a janela de sua própria casa porque tinha esquecido suas chaves. Ao longo da história fica claro que a polícia não o abordou; não fez perguntas; não lhe chamou a atenção. Os policiais simplesmente atiraram em um garoto de 14 anos que tentava entrar em sua própria casa.


O estado do personagem é grave, e, sabendo do caso, os cirurgiões negros do Grey-Sloan Memorial são chamados para atender a ocorrência. A indignação de todos os personagens é latente na atuação de seus intérpretes, e deve ser ainda mais forte no íntimo de cada um dos atores. Relatos e experiências mostrados ao longo dos 40 minutos de episódio são a prova de que, apesar de ser representado em um programa ficcional, histórias como essa são vividas por milhões de pessoas ao redor do mundo todos os dias.


Porém, a cena mais emocionante é protagonizada por Chandra Wilson, a Dra. Miranda Bailey, e Jason Winston George, o oficial do corpo de bombeiros Bem Warren. Casados, eles carregam a responsabilidade de criar o filho de Mirana, William, com 13 anos na época. Após o caso do garoto alvejado por policiais, eles se veem na obrigação de ter “a conversa” com o garoto. Ao contrário do que muitos podem pensar ao ler essa frase, a conversa era sobre como se portar ao ser abordado por policiais ou encontrar policiais no seu caminho.


Não há um meio de descrever essa cena. Por isso, assistam-na completa abaixo:


Ouvir essa conversa e não se sentir mal é impossível. Quantos já não esqueceram uma chave e foram obrigados a pular uma janela aberta de casa para conseguirem entrar? Ou brincaram de pega-pega com os amigos na rua? A diferença nesses casos é que, para nós, brancos, isso não é uma ameaça. Policiais perseguem negros a torto e a direito em todos os cantos do mundo diariamente e sem um único motivo; sua cor de pele já é suficiente. Ao longo de vários episódios, mais especificamente deste, Shonda usou sua mais influente criação para trazer aos olhos de quem não vê a realidade de sua comunidade.


Grey’s Anatomy abordou a violência policial com sensibilidade e cuidado, dando voz a quem é silenciado pela força de uma instituição racista, treinada para não perguntar. No Brasil, um jovem negro morre a cada 23 minutos vítima da violência no país. Nas ruas de todo o mundo o racismo é pulsante em rodas de conversa, em piadas maldosas, em ofensas disfarçadas e escancaradas, em olhares e passos apressados daqueles que fogem ao ver um negro. A comunidade é pintada como “bandidagem”, “marginais” e tantos outros nomes que não cabem ser ditos aqui. O que cabe é a mensagem principal: não existe uma luta individual, mas sim universal. O mundo deve ser antirracista;


Assistam ao episódio em questão. Saibam mais sobre o movimento negro e sobre a luta. Ouçam artistas negros. Leiam autores negros. Assistam negros. Informem-se. A luta é de todos.

 
 
 

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