Primeiro episodio de GoT quebra as expectativas

Romance dos personagens não convence e decepciona. (Divulgação/HBO)

Quase dois anos de espera depois, o primeiro episódio da oitava temporada de Game Of Thrones estreou ontem (14). Para aqueles que esperavam um episódio dramático e com algum tipo de confronto físico, a exibição foi decepcionante. Para quem já torcia por reencontros emocionantes entre os principais personagens, como Jon Snow e Arya Stark, o episódio foi tocante e do jeito que tinha que ser. Mas a série atingiu um patamar inesperado ao forçar um romance entre Jon Snow (Kit Harington) e Danaerys Targaryen (Emilia Clarke).

A série, sempre cheia de ação e enredos chamativos, tentou, ao que tudo indica, amenizar os acontecimentos sangrentos com um romance água com açúcar entre os dois personagens. Os dois, fortes candidatos ao trono de ferro por parentesco sanguíneo e merecedores da disputa por suas histórias pessoais ao longo das últimas sete temporadas, começaram a temporada fazendo um voo disneyano nos dragões da rainha de fogo, parando em um local isolado onde eles puderam curtir momentos de puro amor e carinho. Mas a cena foi tão fora de contexto que se tornou sonolenta.

O Rei do Norte, lutador empenhado em impedir que os caminhantes brancos cheguem aos Sete Reinos, se tornou um defensor da rainha desacreditada no Norte. A frase “ela não é como o pai” foi repetida tantas vezes que perdeu o sentido. O ex-patrulheiro está disposto a lutar contra tudo e contra todos para fazer com que seu amor sobreviva a guerra dos vivos contra os mortos, inclusive a desafiar e a discutir com seus conselheiros sobre o potencial de sua nova namorada. Além disso, seus aliados, que não confiam na garota Targaryen, podem passar a não confiar nele mesmo por tabela.

Além disso, Snow participou de outra cena decepcionante ao descobrir sua verdadeira origem. Quando Sam Tarly (John Bradley-West) , enraivecido por ter ouvido da rainha Danaerys que seu pai e irmão haviam sido mortos por ela depois de terem se recusado a segui-la, conta a ele o grande plot twist da série, sua primeira reação é dizer que isso seria “traição”, já que ele havia jurado lealdade à mãe dos dragões. Os fãs, que esperavam uma revelação mais emocionante, terminaram de assistir a cena sem empolgação.

Quanto a Danaerys, embora ainda seja cedo para afirmar com total certeza, parece ter perdido parte de sua essência ao se apaixonar pelo nortenho. Uma personagem de força apresentada em uma série que tinha tudo para perpetuar o estereótipo do herói que salva a princesa parece ter se transformada na própria princesa indefesa. Se tem algo que Danaerys nunca foi é indefesa, mas, aparentemente, o romance era atrativo para os produtores. A rainha tem, ainda, apresentado sinais que preocuparam seu homem de confiança, Tyrion Lennister (Peter Dinklage), que agora parece ter dúvidas quanto a sua sanidade, mas entra no time de Jon Snow ao dizer “ela não é como o pai” diversas vezes.

Mas o episódio, ainda, foi cheio de momentos fundamentais para os desdobramentos da série. Na casa Stark, Sansa (Sophie Turner) começa a impor suas vontades e sua voz, puxando para si a organização de Winterfell e a parte da responsabilidade por sua gerência, enquanto Arya (Maisie Williams) se mostra a guerreira que nasceu para ser. Já Bran (Isaac Hempstead-Wright) , que até o momento tinha momentos de destaque contidos, parecia seguir a mesma premissa durante o episódio, que passou para no mesmo lugar “esperando por um velho amigo”, protagonizou uma das cenas mais agonizantes durante seu encontro com Jayme Lennister (Nikolaj Coster Waldau), que deixou King’s Landing para cumprir a promessa feita a Jon Snow, Danaerys e Tyrion.

Momentos surpreendentes também cercaram a família Greyjoy. Euron (Johan Philip Asbæk) chega a King’s Landing e consegue momentos íntimos com Cersei, que se assegura, mais uma vez, como um dos pilares da trama. Porém, enquanto a relação dos dois ainda era digerida pelos expectadores, Theon (Alfie Owen-Allen) surpreende e aparece mostrando força e determinação para salvar sua irmã, Yara (Gamme Whelan), e pedindo para volta à Winterfell e combater os mortos com os Stark. Talvez esse seja, definitivamente, o fim de Fedor.

Para fechar, a rainha dos sete reinos, Cersei Lennister (Lana Headey), decide encaminhar sua vingança eliminando seus “inimigos traidores”, ou seja, seus dois irmãos. Mas, enquanto ela se preocupa com conflitos particulares, os Caminhantes Brancos deixaram marcas fortes na Muralha em uma das cenas mais chocantes do primeiro episódio.

Em resumo, o episódio não foi o esperado, mas isso não o classifica como algo negativo. O ponto desinteressante é, sem dúvida, a interação romântica entre Jon e Danaerys, que, sem química, forçam um romance não muito aceitável. Afinal, o arco dos dois é semelhante a um romance adolescente. Entretanto, conflitos começaram a ser resolvidos, enquanto outros novos são criados. Agora, resta esperar os próximos cinco episódios, que terão a função de concluir tudo o que vem acontecendo. No fim, a falta de Ygrette (Rosie Leslie) e Khal Drogo (Jason Momoa) é sentida mais do que nunca, mas a animação continua para o que vem a seguir.