Projeto “Mulher”: a cor das angústias e belezas
- Culturando
- 28 de mai. de 2020
- 2 min de leitura

O significado de ser mulher é variado. Ser mulher significa ser forte para enfrentar batalhas que lhe pertencem, mesmo antes de entender porquê. Mais do que isso, ser mulher significa ser única, cada qual com suas habilidades, preferências e características próprias, com histórias e vivências incomparáveis. A definição mais próxima de “ser mulher” é, simplesmente, ser quem a mulher é.
Entretanto, embora sejam totalmente diferentes umas das outras, todas as mulheres carregam consigo as mesmas angústias, tristezas e injustiças, sobrevivendo diariamente a sociedade machista e conservadora. A sociedade, no geral, está presa a um padrão imposto por homens brancos e héteros que coordenam o que é e o que não é aceitável. Por eles foi estabelecido que mulher nasceu para ser filha, esposa e mãe, servindo como alicerce para o lar, serva das vontades dos homens que a cercam e educadora de outras mulheres. É determinado que este padrão se repita, e qualquer tentativa de quebrá-lo e considerado subversivo e fortemente repreendido.
A cada passo que a comunidade feminista dá em direção ao progresso, mais dois são dados em retrocesso com medidas que tiram de todas algum tipo de direito. Violência, verbal e física, assédio, preconceito, mansplanning, gaslighting são apenas algumas das palavras que fazem parte do dicionário feminino. Em 2019, o Brasil fechou o ano com mais de um milhão de processos de violência doméstica, e cerca de 5,1 mil processos de investigação de feminicídio, que consiste no assassinato de mulheres. Durante a pandemia do Coronavírus e o consequente isolamento social, esses números aumentaram em 44%.
Pensando nas dificuldades enfrentadas pelas mulheres diariamente, Marianna Paschoalotte, fotógrafa e produtora audiovisual de Louveira, no interior do Estado de São Paulo, produziu um ensaio fotográfico para mostrar os efeitos que os comportamentos sociais produzem nas mulheres. As fotos resultaram em um vídeo de 1 minuto com a trilha sonora de Triste, Louca ou Má, da banda Francisco El Lombre. A arte foi realizada por Gabriel Souza. O material foi utilizado para uma matéria de faculdade.
Com pintura corporal, as tintas coloridas e misturadas, representam a ansiedade e angústia causadas as situações que as mulheres sofrem na sociedade machista, enquanto a tinta preta, que se destoa das demais, simboliza a depressão que pode surgir do aprisionamento social. Além disso, a tinta vermelha que cobre os seios e o ventre da modelo faz referência à maternidade, e à pressão colocada sob as mulheres para gerar uma nova vida.
Ao longo do vídeo, conforme as fotos mostram o reencontro da mulher consigo mesma, é possível ver a tinta presta se desfazer, simbolizando a cura dessa dor quando a mulher se livra da opressão.
Para Mariannna, essa representação artística serve para “conscientizar sobre a importância do feminismo e tocar as pessoas, mesmo de forma indireta”. As sensações ao longo das fotos se misturam, e levam suas expectadoras ao ápice da liberdade quando terminam.
Confira todas as fotos abaixo:
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