Opinativo: Regina coloca a cultura do país dentro de uma bolha
- Culturando
- 14 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Por Letícia Simionato*

Na última quinta-feira (07), a atual secretária de cultura, Regina Duarte, deu uma entrevista exclusiva à CNN. Durante cerca de 40 minutos, Regina conseguiu nos surpreender, pois, apesar de já imaginarmos, ainda desconhecíamos o quanto ela se encaixa perfeitamente no governo lunático do qual faz parte. O match foi certeiro. A secretária parece estar vivendo dentro de uma bolha delirante, onde ela tem aval para se manter alienada diante de todos os problemas enfrentados pelo país.
Com uma postura de deboche, bem no dia em que o país registrou 610 mortos, a atriz parece utilizar o antolho bolsonarista que a impede de enxergar a realidade trazida pelos fatos históricos. Durante a entrevista, Regina preferiu tratar a história como se fosse composta por fatos isolados e distantes. A insustentável leveza da secretária ainda fez com que ela argumentasse que a cultura não tem partido nem ideologia, estando assim dissociada da política.
Diante de tantos devaneios, alguém ficou surpreso? Os atos da secretária condizem com a fala, afinal, ela aceitou fazer parte de um governo que sempre aplaudiu a ditadura militar, época em que, além das mortes e desaparecimentos, a cultura foi constantemente censurada no país. Dessa forma, é mais fácil colocar o antolho bolsonarista, esquecer os fatos históricos e inserir a cultura dentro de uma bolha alienada, não é mesmo?
Na história da humanidade, que Regina obviamente ignora, todos os governos autoritários e ditatoriais não mediram esforços para censurar manifestações culturais, justamente por saberem que a cultura é uma forma de resistência política que dá voz a diferentes grupos e serve como resistência, atingindo a mente e o coração das pessoas. Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda e Esclarecimento Popular, por exemplo, se empenhou freneticamente para alinhar as comunidades artísticas e culturais aos objetivos do nacional-socialismo (nazismo), já consciente da importância da cultura como instrumento de manifestação política.
Como a secretária, que ocupa o cargo máximo de apoio à cultura do país, tem a coragem de argumentar que política e atividade cultural não se relacionam? Como serão as políticas públicas desenvolvidas por ela na pasta? Veremos nos próximos capítulos. Mas, já sabemos antecipadamente que, enquanto Regina ignorar a história, ela continuará não entendendo o que é cultura e o que deve ser feito pelo futuro do país.
Letícia Simionato* é jornalista formada pela PUC Campinas. “Tenho 22 anos e sou apaixonada pela profissão que escolhi. O meu objetivo sempre foi utilizar o jornalismo como instrumento para transformar o mundo, fazendo dele um lugar melhor. Poder escrever sobre cultura é ter a chance de compartilhar conhecimento e levar um pouco da minha percepção e do meu universo para as pessoas.”
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